O mercado de entretenimento no Brasil vive um momento de consolidação. Mesmo diante de instabilidades econômicas no segmento, principalmente no pós-Covid, o setor tem mostrado capacidade de reinvenção e crescimento, impulsionado por eventos de grande porte, experiências proprietárias e novos formatos de relacionamento entre marcas e público. Nesse cenário, a Holding Clube se fortaleceu como grupo de marketing de experiência com mais de três décadas de atuação.
Sob seu guarda-chuva estão empresas especializadas em diferentes frentes. A Banco_ e a Samba, focadas em live marketing, atuam de formas complementares: uma com grandes formatos, outra com atendimento mais boutique. A Roda Trade se dedica a dados e incentivo; a Cross Networking conecta marcas e pessoas por meio de parcerias estratégicas; a Storymakers desenvolve projetos proprietários; a Bossa atua em logística e viagens de incentivo; e a Auíri tem como foco impacto social e sustentabilidade. Além disso, a plataforma Clube Nº1 reúne experiências icônicas como o Camarote Nº1 no Carnaval carioca, o Réveillon Arcanjos Nº1 e a Área Nº1 no Tomorrowland Brasil.
É nesse ecossistema que Priscila Pellegrini assumiu como CEO recentemente. Publicitária formada pela FIAM FAAM e pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, a executiva acumula mais de 25 anos de trajetória no setor. Passou por agências como Leo Burnett e Grupo TV1, na qual foi diretora de operações da área de experiências, e construiu sua carreira também na Banco_, uma das empresas que hoje integram a Holding Clube. Em 2018, tornou-se sócia do grupo e, desde então, comandou operações administrativas, financeiras e de gestão de pessoas em mais de 300 projetos anuais.
“Sempre fui muito investigativa. Estudei profundamente cada tema que precisava defender, tanto diante de clientes quanto de líderes. Essa postura me fez consolidar um estilo de liderança firme, mas baseado em escuta e em formação de equipes”, conta.
Metas ousadas
Agora, à frente da Holding, Priscila tem uma meta ambiciosa: dobrar o faturamento e o lucro em dez anos. O grupo fechou 2024 com receita de R$ 375 milhões e projeta R$ 430 milhões em 2025. “Temos uma visão ousada, mas factível. Acreditamos muito na expansão da plataforma Clube Nº1, no licenciamento da marca e no fortalecimento da Bossa, que já nasce de demandas internas e deve ser decisiva para esse crescimento”, afirma.
José Victor Oliva, fundador e presidente do conselho, avaliza a escolha. “Acompanhei Priscila nesses mais de 20 anos de trajetória. Ela se tornou especialista em pessoas, nosso público-alvo. Nada mais natural do que ter esse olhar no comando do grupo”, diz.
Cultura e gestão de pessoas
Se nas finanças as metas são agressivas, na gestão de pessoas a aposta é em cuidado e continuidade. “Nosso maior ativo são os colaboradores. Sem eles não existe negócio. O desafio é humanizar a gestão, oferecer treinamento, planos de carreira e criar um ambiente de motivação constante”, explica. Esse olhar tem reflexo direto na cultura organizacional. “Sempre fui uma líder que estaria junto em qualquer situação. É menos sobre apontar culpados quando algo dá errado e mais sobre como resolver em conjunto. A parceria entre empresa e colaborador precisa ser legítima, um verdadeiro ganha-ganha”, acrescenta.
No setor historicamente masculino do entretenimento, a Holding Clube alcançou um feito raro: 52% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. “Assumir esse espaço é simbólico, mas também prático. Nós já tínhamos essa meta desde a assinatura do Pacto da ONU, e conseguimos atingí-la. Sempre me posicionei com firmeza, sem me intimidar, mas acredito que a mulher traz uma sutileza de cuidado e escuta que é essencial para os líderes de hoje”, diz. Seu conselho a outras mulheres que aspiram cargos de decisão é direto: “Não desistam. Estudem, façam a lição de casa, defendam seus pontos de vista com clareza. A mistura da força com a sensibilidade é o que torna a liderança feminina tão relevante”.
Impacto social e sustentabilidade
Além da expansão de negócios, a Holding Clube reforça sua frente de impacto social com projetos como o B.O.D.Y (Body Open Define You), idealizado por Juliana Ferraz e Carol Veras e incorporado ao calendário do grupo. O movimento promove a auto aceitação e diversidade, com participação ativa de marcas e equipes formadas por mulheres. “É um projeto que não traz retorno financeiro imediato, mas gera transformação social real, o que faz parte da nossa missão enquanto grupo”, afirma Priscila.
Ao revisitar sua trajetória, a executiva reconhece que cada experiência ajudou a moldar seu estilo. “Aprendi muito em empresas como Leo Burnett e TV1, mas foi na Holding que encontrei uma cultura alinhada com meus valores: compartilhar, crescer junto e valorizar o outro. Sempre descartei aquilo que não fazia sentido e absorvi o que fortalecia minha visão de liderança”, afirma.