Certamente você já passou por esta situação: após um dia cheio de atividades e bastante cansativo, tudo o que queria era se deitar e ter uma noite de sono reparadora. Mas, chegado o momento tão esperado, sua cabeça continuou a mil, você ficou virando de um lado para o outro da cama e nada de o sono vir!

Se você se viu no exemplo acima, saiba que não está só. A insônia é um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e no Brasil. Segundo uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de alterações no sono, incluindo insônia.

Para nós, mulheres, a situação pode ser ainda mais complicada, devido a fatores hormonais. Estudos mostram que as mulheres são mais propensas a distúrbios do sono, como insônia e sonhos desagradáveis, especialmente durante a menstruação, pré-menopausa e menopausa. Esses distúrbios também são comuns em condições psiquiátricas, que são mais prevalentes em mulheres.
E, na era digital, esse problema se tornou ainda mais comum. Isso porque, segundo o relatório “Global Digital”, os brasileiros passam em média 9 horas e 14 minutos na internet e 3 horas e 39 minutos nas redes sociais, e a exposição prolongada à luz azul emitida pelas telas pode prejudicar nosso sono, já que essa luz estimula o cérebro e inibe a produção de melatonina, o hormônio regulador do sono.

Como alguém que lida com insônia crônica há muitos anos, sei bem o que é isso, e posso afirmar que essa condição é realmente desafiadora e, muitas vezes, debilitante. Afinal, quem nunca teve um dia de trabalho com baixa produtividade por causa de sono e cansaço?

 

O mais louco é que eu não tive problemas de sono durante toda a minha vida. Pelo contrário, até o período da faculdade, eu dormia muito bem. No entanto, após me formar, comecei a enfrentar dificuldades para iniciar e manter o sono, uma situação comum entre pessoas ansiosas e agitadas como eu.

E, desde então, minha experiência com a insônia passou por altos e baixos. Houve momentos críticos, por exemplo, em que me vi dependente de medicamentos, como o Zolpidem. Cheguei a tomar até três comprimidos de 20 miligramas por noite e, com o uso contínuo, meu corpo se tornou resistente à medicação.

Quando comecei a competir como fisiculturista, passei a dar ainda mais valor para o sono e percebi o quanto o descanso é fundamental para nossa saúde física e mental. Então, comecei a buscar alternativas mais naturais e cheguei a um “combo” anti-insônia que, no meu caso, inclui o uso de melatonina e a prática da higiene do sono.

Sim, porque aprendi que a rotina é crucial para o nosso corpo. Por isso, desenvolvi um ritual que sigo religiosamente todas as noites. Gosto de tomar um banho relaxante sob luzes verdes e meditar ao som de uma música específica, que sinaliza para o meu corpo que é hora de dormir. Também evito qualquer tipo de eletrônico no quarto, usando o espaço exclusivamente para leitura e descanso.

Após conseguir dar mais valor às noites de sono, percebi o quanto essa prática é essencial para um bom dia de trabalho ou de treino.

Aliás, estudos demonstram que a importância do sono é ainda mais evidente quando consideramos seu impacto no aprendizado e na memória. Um trabalho publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) mostra que estudantes universitários que não dormem o suficiente têm médias de notas mais baixas e desempenho escolar reduzido. Dormir o suficiente – sete a nove horas por noite para adultos e oito a dez horas para adolescentes, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) – está associado a melhores resultados em testes, maior capacidade de resolver problemas, melhor qualidade de aprendizado e melhor desempenho comportamental.

Para aperfeiçoar a qualidade do sono, os especialistas recomendam seguir uma programação regular de sono, manter um ambiente escuro e ininterrupto para dormir e evitar lautas refeições, álcool e cafeína antes de dormir. Também é aconselhável evitar a exposição à luz azul de telas por pelo menos 45 minutos antes de dormir.

Praticar atividades relaxantes, como meditação, leitura ou um banho quente, também ajudam o sono.

A insônia é um desafio significativo mas sou prova de que, com disciplina e mudanças de hábito, é possível melhorar a qualidade do sono. E estejam certos de que priorizar o descanso é essencial para o seu bem-estar físico e mental. Eu aprendi a valorizar o sono e, conforme envelheço, percebo cada vez mais a diferença que ele faz em minha saúde e qualidade de vida.

Se você luta contra a insônia, já viu que não está sozinha, e que há maneiras eficazes de lidar com essa condição. Valorize o sono e faça mudanças em sua rotina para garantir uma melhor qualidade de vida e uma vida mais saudável; afinal, o sono insuficiente está também relacionado a doenças cardíacas, obesidade, diabetes tipo 2 e depressão.

E, se as dicas que compartilhei aqui não forem suficientes para ajudá-lo a lutar contra essa condição, não hesite em procurar um especialista.