Ah… a maternidade! Quando ela acontece pode mudar tudo em nossas vidas. Se antes a missão mais importante que tínhamos era crescer profissionalmente, agora é deixar crescer, orientar o crescer, desenvolver paciência para esse crescimento, entender que existem etapas naturais a serem concluídas, desenvolver a empatia, respeitando o tempo e o momento daquele ser. 

Ser mãe nos coloca na posição de ensinar, e também aprender com o recém-chegado. E, mesmo com todo amor, vamos precisar aprender a repreender, sempre que necessário, ensinar limites e, acima de tudo, alimentar a autoconfiança do nosso filho, entendendo que o estamos criando para que um dia ele possa andar com seus próprios pés, para que possa voar.

Mas quantas dessas habilidades também podem ser aplicadas à vida profissional? A verdade é que a maioria das mulheres sentem a vontade de serem mães no mesmo momento em que estão em ascensão profissional.

A maternidade, por vezes, vem como uma escolha que a mulher precisa fazer entre filhos e carreira, entre esperança e medo. Muitas vezes carregamos um sentimento de culpa por supostamente estarmos falhando como mães, ou profissionais. São sentimentos ambíguos, entre a carreira e a maternidade – mas será que é preciso mesmo ser desta maneira?

 

Veja abaixo três depoimentos de mulheres que buscaram aconselhamento profissional para viver essa fase tão especial de forma harmônica:

“Quando engravidei fiquei com medo de contar para minha gestora, por conta do que vemos acontecer em tantos lugares: a falta de empatia e respeito com a mulher a partir do momento em que ela se torna gestante. Lembro-me que pensei em esperar o primeiro trimestre passar para poder contar, mas fiquei com medo de ter alguma complicação, ter que ficar pedindo saídas sem poder justificar o real motivo da ausência”. Débora Matos Figueiredo de Melo, 28 anos, analista de garantia da qualidade e grávida de quatro meses.

O anúncio da novidade no local de trabalho gera muitas expectativas e ansiedade para as mulheres:

“O medo de como seria a recepção da notícia e o fantasma de uma possível substituição, no retorno da licença maternidade, me fizeram postergar ao máximo essa conversa”. Ana Maria Silva de Oliveira, de 34 anos, farmacêutica e gestante de cinco meses.

“Sempre nos preocupamos com diversos preparativos relacionados ao nascimento de um filho: organizar a casa, fazer o enxoval, pré-natal… Mas havia alguém completamente desamparada e perdida durante todo esse processo: a mulher profissional. Como seria o meu retorno ao trabalho depois da licença-maternidade? Essas dúvidas alugaram um triplex na minha cabeça e vieram acompanhadas de todas as inseguranças e traumas que eu tinha adquirido durante meu caminho profissional”. Amanda Karla, 34 anos, farmacêutica Industrial e mãe da Luna, de um ano.

Devemos nos acolher para evitar tanto sofrimento e angústias. É possível que a mulher que será mãe se prepare emocional e profissionalmente para essa nova etapa da vida. Sabemos que, quando nasce um filho, nasce uma mãe e consequentemente uma outra mulher. Compreender as mudanças, planejar e fazer um acompanhamento profissional podem contribuir para deixar esse período de transição mais tranquilo, leve e seguro.

A minha primeira orientação se concentra no cuidado e preparação para o momento da comunicação sobre a gravidez aos gestores. Precisamos comunicar a importância dessa decisão para a nossa vida pessoal e, ao mesmo tempo, demonstrar que há planos para a área profissional. 

Antecipe-se e leve um planejamento com algumas ações que vão facilitar essa transição até o retorno da licença-maternidade. Por exemplo: já leve para a conversa a sugestão de nome da pessoa que pode ser treinada para ficar com as suas funções, enquanto estiver ausente, organizando um cronograma de como será feita essa transferência de atribuições.

“É fato que não retornaremos ao mercado de trabalho da mesma forma como saímos para o nascimento de um filho. A gente muda e o mercado de trabalho também muda para nós, incluindo novos desafios, rotina, julgamentos e preconceitos que uma mãe sofre no mundo corporativo. Identificar o motivo das minhas inseguranças, revisitar todos os momentos da carreira, reconhecendo o que deu certo e o que deu errado, e, principalmente, confirmar como  a maternidade contribuiu para que eu desenvolvesse novos pontos fortes foram a base que eu precisava para construir uma nova versão de mim mesma”, foi o que concluiu Amanda Karla, depois da mentoria de carreira, e já de volta às funções profissionais.

É necessário criar estratégias para o retorno da licença-maternidade, avaliar o mercado, construir um plano de carreira e identificar as novas possibilidades a curto e longo prazo, além de rever as potencialidades e habilidades desenvolvidas com a maternidade. Ser mãe não significa ter que abrir mão da profissão. Quando você se conhece e sabe o que quer, os caminhos são menos dolorosos, mais curtos e certeiros.