Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), as mulheres representam 39,1% da força de trabalho no setor de TIC (Tecnologia da Informação e Computação) no Brasil. O número mostra que há avanços, foram 15.262 novas contratações em 2024, um crescimento de 3,3% em relação ao ano anterior, mas expõem que a disparidade de gênero ainda é uma realidade.
O relatório destaca uma boa notícia: a diferença salarial entre homens e mulheres caiu 9,5 pontos percentuais nos últimos cinco anos. Ainda assim, o caminho para a igualdade está longe de terminar. Apesar de representarem 60% dos estudantes que concluem o ensino superior no país, as mulheres são apenas 15% entre os formados em cursos de TIC, segundo dados do IBGE.
Dentre todas as áreas de formação investigadas pela pesquisa, a que registra menor presença feminina são justamente as de ciência da computação e tecnologia da informação. O número de mulheres concluintes destes cursos não é só baixo como caiu: passou de 17,5% em 2012 para 15% em 2022.
Apesar dos avanços progressivos na última década, as mulheres – especialmente as não brancas – são significativamente sub-representadas nas empresas do setor. A situação é especialmente grave na alta liderança; apenas 25% dos líderes de nível C são mulheres e apenas 5% representam mulheres de minorias raciais, segundo dados divulgados pela WomenTech Network.
Frente a esse cenário, iniciativas e projetos têm surgido para reverter o quadro, oferecendo formação, apoio e conexões para que mais mulheres ingressem e permaneçam na área. Entre eles estão:
InfoPreta: Empresa que insere pessoas negras, LGBTQIAP+ e mulheres no mercado de tecnologia, oferecendo manutenção de hardware e software, consultoria, palestras e cursos, além de projetos sociais e doação de equipamentos.
WoMakersCode: Comunidade que fortalece o protagonismo feminino na TI por meio de programas de formação, feiras de empregabilidade, mentoria e bootcamps.
Mulheres de Produto: Associação com mais de 8 mil participantes que promove encontros, cursos, mentorias e produção de conteúdo para mulheres na criação de produtos digitais.
{elas} programam: Consultoria criada por Silvia Coelho que forma mulheres em programação, realiza campanhas de engajamento e atua na seleção de talentos femininos para empresas.
PrograMaria: Plataforma que oferece cursos, conteúdos e eventos para mulheres interessadas em programação e tecnologia.
{Reprograma}: Organização sem fins lucrativos que oferece cursos gratuitos de programação e promove contratação de alunas por meio de eventos como o Speed Hiring.
Esses projetos mostram que a transformação do setor não depende apenas de números, mas de oportunidades concretas e de uma rede ativa de apoio e capacitação.