Pelo menos 36 milhões de pessoas passaram a ter roupas usadas pela primeira vez em 2020, segundo um levantamento realizado pela ThreadUp, empresa on-line de consignação dos Estados Unidos. Calcula-se também que 76% dos consumidores deverão ter uma maior quantidade de peças de segunda mão nos próximos anos.

Comprar roupas usadas nem sempre foi um hábito visto com simpatia pelos consumidores, mas nos últimos anos o conceito de sustentabilidade mudou por completo essa visão, ajudando a consolidar o conceito de moda circular.

Baseada na redução do desperdício, essa vertente busca produtos têxteis que sejam concebidos e consumidos tendo em vista a preservação dos recursos naturais. A longevidade é um conceito que também se incorpora ao projeto da moda circular, uma vez que os produtos carregam a ideia da reciclagem como ponto essencial em sua concepção.

Dos brechós às franquias

A prática dos brechós se originou no século 19, entre França e Inglaterra. No Brasil, o primeiro brechó surgiu no Rio de Janeiro, criado por um comerciante português de nome Belchior – daí o nome tornou-se hoje o que conhecemos por brechós.

Brechós oferecem uma alternativa acessível e estilosa, permitindo que os consumidores adotem um guarda-roupa mais personalizado, enquanto reduzem o desperdício e prolongam o ciclo de vida das peças. Esse fenômeno tem atraído desde jovens interessados em moda até pessoas que procuram maneiras de economizar e ajudar o meio ambiente.

No Brasil, por exemplo, a cidade de São Paulo é um exemplo concreto desse nicho. Segundo pesquisa de 2022 do Instituto de Economia Gastão Vidigal, vinculado à Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), houve um aumento de aproximadamente 30% no volume de vendas de brechós.

Mas os pequenos brechós de bairro já estão cedendo espaço para grandes franquias especializadas em roupas usadas. O fenômeno se destaca devido à ascensão do consumo consciente, mas atende também a necessidade de se tornar mais acessível o uso de roupas e acessórios. A rede de franquias Reptikos, em São José do Rio Preto, por exemplo, inovou ao promover a reutilização de peças, calçados, acessórios e brinquedos usados.

Nas lojas da Reptikos, que oferecem produtos de segunda mão para crianças e adolescentes até os 16 anos, a família pode levar roupas que não usa mais para serem avaliadas. O valor é convertido em vale de compras que pode ser utilizado pelas próprias crianças.

Assim tanto as franquias, como os brechós, vem se expandindo em direção a uma moda circular e enérgica, em que o foco é a reutilização e a diminuição do impacto ambiental, alinhando-se aos valores de uma economia mais sustentável.

As redes sociais como Instagram e TikTok também potencializaram a forma como muitos enxergam e consomem esses produtos, através do olhar autêntico e contemporâneo de influenciadores da geração Z, para quem comprar peças usadas ficou muito mais divertido e econômico.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da IstoÉ