Sabe aquelas fases que você quer apagar da memória? Pois é… o ano de 2009 talvez tenha sido o mais difícil de minha vida! Tinha terminado meu casamento de forma traumática e a Apsen, empresa familiar onde ainda começava na minha jornada, enfrentava a maior crise financeira de sua história… E eu tentando resolver aquela crise enquanto o mundo buscava se recuperar do estouro da bolha imobiliária e da quebra dos bancos americanos…!

Meu corpo dava sinais de que as coisas não iam bem. Tonturas, suor excessivo nas mãos e na cabeça, taquicardia constante… Marquei uma consulta com um cardiologista que me pediu um check-up completo. Ao retornar, ele me deu uma notícia boa e uma ruim… a boa é que eu não tinha nenhum problema cardiológico, a ruim é que eu precisava urgentemente consultar um psiquiatra!

E foi o que fiz imediatamente. Depois de um longo exame e um questionário infindável, o médico deu o diagnóstico: síndrome do pânico, com a agravante de depressão pós-divórcio…

Pois é, achamos que nunca vai acontecer com a gente, não é mesmo?

A síndrome do pânico, também conhecida como transtorno do pânico, é um distúrbio de ansiedade caracterizado por episódios recorrentes de medo intenso e súbito, chamados de ataques de pânico.

Esses ataques são acompanhados por uma sensação avassaladora de terror e desconforto, mesmo que não haja uma ameaça real ou aparente no ambiente.

E esse era exatamente o meu caso! Claro que passava por um momento turbulento e complicado, mas os ataques apareciam quase sempre do nada…

A síndrome do pânico pode acometer pessoas de qualquer idade, mas geralmente começa na adolescência ou no início da idade adulta, como foi no meu caso. E as causas exatas não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais possa desempenhar um papel em seu desenvolvimento.

E por pior que aquele momento tenha sido, hoje, olhando em retrospectiva, vejo que aquele pedido de socorro do meu corpo foi um importante marco em minha jornada. Ali senti que eu precisava escutá-lo mais, entender melhor minha mente e me cuidar de forma completa.

Sempre fui uma apaixonada pelo tema, mas aquele diagnóstico me tornou ainda mais ciente da necessidade de retomar meus processos de autoconhecimento e de aprender os limites do corpo e da mente.

E mais do que isso, me tornou uma pessoa realmente atenta à necessidade de cuidados com a saúde mental, o que me deixa ainda mais preocupada com sérias crises de transtornos mentais que temos observado no mundo.

É importante ressaltar que a saúde mental é uma questão complexa e multifacetada, e as causas dos transtornos mentais podem ser influenciadas por uma combinação de fatores individuais, sociais e ambientais.

Mas precisamos todos nos unir para combater essa “epidemia” de transtornos mentais.

É essencial investir em políticas de saúde mental, aumentar o acesso a serviços de qualidade, promover a conscientização sobre saúde mental e continuar pesquisando para entender melhor os fatores subjacentes aos tais transtornos e desenvolver intervenções eficazes.

Como gestora, acredito que as empresas desempenhem papel essencial nessa luta, ajudando na conscientização e cultivando relações de trabalho mais harmoniosas e que valorizem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Como profissional da indústria farmacêutica, luto cada vez mais para que nosso segmento seja um dos principais disseminadores de práticas saudáveis no ambiente de trabalho e que façamos jus ao nosso propósito de sermos um setor de saúde, começando pela mental de nossos colaboradores!

Muitas vezes, precisamos sentir os sinais em nosso corpo, para que possamos parar e repensar nosso estilo de vida – minha luta é que possamos fazê-lo antes que seja tarde demais.

Busque seu propósito. Deixe o seu legado.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.