No Brasil, o voto feminino se consolidou apenas no ano de 1932, diante de um novo código eleitoral, garantido após esforços coletivos de várias organizações, no momento em que se discutia o avanço dos direitos das mulheres em todo mundo.

Até o início do século 20, na quase totalidade dos países, o voto era um exercício exclusivo dos homens. As primeiras conquistas femininas nas esferas políticas, econômicas e sociais foram consequências de muitas lutas – como o movimento conhecido como primeira onda feminista, liderado no final do século 19 por diversos grupos, como o das sufragistas, ativistas do feminismo que passaram a ser conhecidas pelas manifestações públicas em prol dos direitos políticos, com ênfase no direito ao voto.

Por mais conquistas que tenhamos tido, nestas eleições, quase 100 anos depois de legalizado o direito do voto feminino, as mulheres representam apenas 15% das candidaturas para prefeitura em todo país, 23% das candidaturas a vice e 35% das candidaturas a vereador.

Ainda segundo informações do TSE, mais da metade dos municípios do Brasil apenas tiveram prefeitos homens em duas décadas. Em São Paulo, por exemplo, só duas mulheres, dentre oito homens, despontam na corrida eleitoral, sendo respectivamente as candidatas Tabata Amaral (PSB), e Maria Helena (NOVO).

A maioria das propostas que mais valorizam a mulher são as voltadas para a área da saúde, como a ampliação de serviços de prevenção, tratamento e planejamento familiar, além da realização de campanhas educativas sobre direitos reprodutivos.

Durante a campanha, notou-se uma enorme negligência em relação à figura da mulher como, por exemplo, quando o candidato Pablo Marçal (PRTB), em debate promovido pela Folha De São Paulo e UOL, fez comentários polêmicos e abertamente machistas: “A mulher não vota em mulher, a mulher é inteligente, ela tem sabedoria, tem experiência”.

Dentro de um contexto ainda tão retrógrado, mais que uma obrigação política o voto atento às causas femininas resgata uma história de conquistas brasileiras, duramente alcançadas por gerações de mulheres que lutaram pela mais que legítima igualdade social.

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da IstoÉ