Estamos na melhor época do ano, aquele momento de dar uma respirada e começar as reavaliações a respeito do ano que passou. E como passou rápido, né? A impressão é que o tempo está andando cada vez mais depressa, e o ser humano sempre mais atarefado. São muitas áreas da vida para administrar, muitas relações, adversidades, desafios e surpresas – ao longo de um único ano. Ufa, quanta coisa.
Mas agora que esse ano praticamente acabou, o que nos resta é sentar com papel e caneta e refletir sobre o que a gente não conseguiu fazer no período, e gostaria de fazer no próximo. Tudo aquilo que a gente promete todo santo mês de dezembro para nós mesmos, e raramente cumprimos. Essa tradição milenar, que vem sendo praticada há anos, deveria ser questionada.
É fácil se apoiar em um único momento do ano para assumir a responsabilidade por seu destino e se dispor a cumprir. Mas quando o ano começa, tudo muda. As expectativas criadas vão sendo quebradas e, sem disciplina, é muito difícil cumprir.
O que a gente faz no final de ano, organizando uma lista de tarefas personalizadas a serem cumpridas em forma de objetivos, deveria permear o nosso ano inteiro. É um ritual muito necessário, enquanto ser humano, esse de você decidir o seu destino através de suas próprias ações. E para isso não precisamos esperar uma única época do ano, e levar um ano até a sua reavaliação.
A vida acontece o tempo todo, e durante qualquer momento você pode avaliar e recalcular a rota, se necessário. E é por isso que muitas promessas raramente se realizam… Porque um ano é muito tempo, olha quantas coisas acontecem em um único ano da sua vida. É tempo suficiente para ela ser virada de cabeça para baixo. Então é preciso atenção constante, reavaliação minuciosa, e ir recalculando a rota de acordo com o que for acontecendo.
Se você conseguir fazer esse ritual uma vez por mês, os resultados serão muito mais efetivos. O ritual não é dispensável, só precisa ser reformatado para os tempos que vivemos hoje. Talvez nos tempos dos nossos bisavós fosse adequado fazer a lista uma vez por ano – de fato vivia-se em outra velocidade, naquela época. Mas hoje, no século XXI, tudo está sendo reinventado. E os rituais não ficariam de fora. Não deixe de fazer, faça mais vezes, faça sempre que sentir necessidade.
Pelo fato de ser atriz, sempre interpretei a vida como uma grande peça de teatro com as cortinas abertas. Você ensaia e se apresenta com as cortinas abertas, tudo ao mesmo tempo. Uma peça de teatro é um organismo vivo, para acontecer depende exclusivamente dos estímulos que cada personagem vai entregar, às vezes alguns saem de cena e voltam para a coxia, depois de um tempo retornam aos palcos, e assim é na nossa vida.
Alguns atores na vida real se perdem, porque também existe o estímulo da plateia – que podem ser aplausos, mas também vaias. E isso altera o fluxo do espetáculo e a performance de quem está atuando.
Nossa vida realmente se assemelha a uma peça de teatro e, por ser viva, o roteiro e a direção estão na mão de quem apresenta aquela peça. Viver é se apresentar de improviso em um grande espetáculo, mas com planejamento e direcionamento constante a gente consegue improvisar melhor.
Aproveite esse final de ano para encarar a responsabilidade pelo seu destino, e transforme a sua lista de fim de ano em lista de metas e objetivos mensais.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.