Symone Rech nasceu no coração da indústria têxtil. Filha de italianos empreendedores, cresceu entre tricôs, malhas e o ritmo acelerado de uma fábrica em Caxias do Sul. Aos 13 anos, já varria o chão da empresa da família, aprendendo na prática o impacto real da moda na vida das pessoas. Hoje, ela é o nome por trás da New & Now, uma plataforma de curadoria que traduz dados e tendências globais para o mercado brasileiro.
Formada em Ciências Contábeis aos 20 anos, Symone assumiu a gestão administrativa e comercial da malharia de sua família. Ela negociava com grandes redes, traduzia ideias para o desenvolvimento de produto e acompanhava de perto a evolução do tricô em fios, maquinário e modelagem.
Foi nesse universo que percebeu a importância de aliar técnica, criatividade e estratégia. “Moda não é só sobre roupa bonita, é muito sobre trabalho, negócio e impacto no dia a dia das pessoas”, explica.
A busca por mais liberdade e qualidade de vida a levou a expandir seus conhecimentos: cursou pós-graduação em design estratégico e, em seguida, um MBA em economia comportamental. Essa combinação aparentemente improvável, unir emoção e comportamento do consumidor à rentabilidade de coleções, se tornou o diferencial que ela aplica até hoje.
Entre viagens de pesquisa a Londres, Paris, Milão, Barcelona e Nova York, Symone aprendeu a transformar tendências globais em ideias aplicáveis ao mercado brasileiro.
New & Now: seu olhar transcrito na plataforma
A pandemia acelerou um movimento que já fervilhava dentro dela e, com as fronteiras fechadas, Symone identificou uma lacuna no mercado: os negociantes precisavam de informações confiáveis sobre tendências internacionais, algo que não encontravam com facilidade na internet. Assim nasceu a New & Now no início de 2021, que começou como uma coleção de fotos organizadas no Google Drive, e evoluiu para uma plataforma própria, oferecendo curadoria detalhada, análise de tendências e antecipação de coleções.
A plataforma se organiza em três pilares: peças básicas, que dão sustentação à coleção; peças intermediárias, que trazem informações de tendência; e os conceitos estratégicos, as chamadas “cerejinhas do bolo”, capazes de gerar desejo e impacto no consumidor.
Todo o processo segue o método exclusivo de Symone, que cruza referências internacionais, comportamento do consumidor, sinais de mercado, cultura e arte, adaptando essas informações ao contexto brasileiro de maneira prática e estratégica.
Criar uma plataforma de pesquisa de tendências exigiu superar obstáculos tecnológicos e reforçar constantemente sua presença como mulher empreendedora em um setor competitivo. “Como uma mulher de 50 anos, senti que eu precisava reafirmar o meu espaço muitas e muitas vezes. Mas eu vejo a maturidade como um grande diferencial, ela me dá consistência, visão de longo prazo e coragem para inovar”, afirma.
Moda como inteligência aplicada
Hoje, Symone lidera a New & Now ao lado da filha, e coordena uma equipe distribuída entre Londres, Barcelona, Paris e Roma. Entre os conteúdos oferecidos estão galerias de imagens atualizadas semanalmente, desenhos técnicos, análise de desfiles internacionais, cobertura de feiras e aulas sobre comportamento do consumidor e gestão de negócios.
“O resumo da ópera é justamente a análise dos desfiles internacionais. Nós assistimos mais de 300 desfiles e começamos a encontrar padrões. O que mais vimos? O que é importante para o mercado brasileiro? Tipos de modelagem, tecidos, calçados, acessórios… nós fazemos essa análise e trazemos para a plataforma”.
A New & Now já cresceu 40% no primeiro semestre e, mais do que um negócio, é a expressão da trajetória de Symone: aplicar sua experiência para entender o que move a moda, o mercado e os consumidores. Para ela, essa evolução confirma que unir experiência, sensibilidade e método pode transformar a indústria de forma consciente.
“Quero atingir aquelas pessoas que realmente têm necessidade de informação. Nós sabemos que são pequenos e médios empreendedores, então a plataforma é pensada para poder atender essas pessoas que realmente precisam de informação e que a gente sabe que com a informação eles conseguem crescer”.