Nas próximas duas décadas, as mulheres devem herdar cerca de US$47 trilhões ao redor do mundo, segundo o Global Wealth Report 2025, do UBS Group. A quantia representa mais da metade dos US$83 trilhões que devem circular entre trocas familiares até 2050.
Esse cenário é impulsionado por dois fatores centrais: o envelhecimento da população global, com países como o Brasil concentrando grande parcela de pessoas acima dos 75 anos, e a maior expectativa de vida das mulheres, que frequentemente acabam assumindo o controle dos bens familiares ao ficarem viúvas.
Mas, ao mesmo tempo em que esse movimento amplia o poder econômico, grande parte das mulheres não se sentem preparadas para lidar com o patrimônio que receberão, segundo a pesquisa.
Despreparo financeiro
De acordo com o relatório, 74% das mulheres entrevistadas afirmam não estar preparadas para administrar heranças ou ativos familiares. Entre as que já herdaram fortunas, oito em cada dez relatam dificuldades práticas, desde desconhecer a extensão da riqueza até enfrentar surpresas financeiras e decisões complexas sem orientação adequada.
O problema não é capacidade técnica, mas a falta de acesso, informação e participação nas conversas familiares sobre patrimônio. Cerca de um terço das mulheres ouvidas pelo estudo sequer sabe como acessar os bens dos pais, como será feita a divisão ou se existe um plano de sucessão estabelecido.
E onde o Brasil entra nessa equação?
O país ocupa a segunda posição no ranking global de futuras transferências, com estimativa de US$9 trilhões em heranças a serem repassadas nas próximas décadas. O dado acompanha a curva demográfica: o Brasil pode chegar a 75 milhões de pessoas idosas até 2070, segundo o IBGE, correspondente a 37,8% da população.
Isso significa que brasileiras, sejam elas herdeiras, cônjuges ou sucessoras, estarão no centro desse novo cenário. E estarão em quantidade significativa: mais de um terço da riqueza privada mundial já está hoje nas mãos de mulheres, segundo o relatório.
A importância da educação financeira
Embora a transferência de patrimônio seja uma realidade próxima, muitas mulheres ainda não se sentem autorizadas a participar ativamente das decisões financeiras familiares. Os impactos disso incluem maiores dificuldades na gestão dos bens e menor autonomia para planejar o futuro.
Dado esse cenário, o próprio UBS Group, eleito Best Private Bank for Wealthy Women em 2025, criou a Women’s Wealth Academy, uma iniciativa global que oferece aulas, trilhas de conhecimento e conteúdos especializados para apoiar mulheres que desejam administrar, ampliar ou proteger seu patrimônio.