É sempre a mesma coisa, todo fim de ano. Reparo na velocidade com que as coisas acontecem pelo relato das pessoas ao meu redor, constantemente transtornadas pela falta de tempo. Ser adulto tem um pouco disso, estar sempre reclamando de uma “certa” falta de tempo. Queria ter sabido disso quando era criança pois usufruiria do tédio e do ócio com o prazer que eles nos proporcionam, quando devidamente desfrutados. 

E logo depois do Natal vem Ano Novo, votos, desejos, listas, presentes, promessas, questionários, produtividade – é preciso ser muito proativo no mundo contemporâneo. Será que tudo vai mudar quando o ano acabar? Provavelmente não, mas me seduz de um jeito romântico a forma como algumas pessoas se embriagam nessa atmosfera. Parecem até acreditar em Contos de Fadas? Tudo talvez seja realmente uma grande ilusão ou vontade de fugir da realidade. 

Mas me perdoem os devotos de Schopenhauer… gozemos da felicidade momentânea e esqueçamos um pouco o excesso de sofrimento. 

Eu gosto de gente que acredita. Eu realmente gosto disso. 

Era uma vez um universo fascinante que se desdobrava dentro de nossas mentes, uma sinfonia de bilhões de neurônios dançando em perfeita harmonia. Nesse cenário, a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se remodelar e adaptar, era a coreógrafa que regia essa dança única.

No videocast que fiz com a Marisol Ribeiro ela disse uma frase ótima: 

“Nós só criamos o que conhecemos e o que não conhecemos rejeitamos. Só que, quando a gente estica nossa consciência, alcançamos frequências e saberes que mudam a nossa realidade”.

Temos muito medo do desconhecido, temos muito medo de mudar, temos muito medo dos silêncios e dos mergulhos e por fim temos muito medo da incerteza. Tudo o que fazemos TEM QUE DAR CERTO e por isso ficamos nos segurando para não arriscar OU pensar fora da caixa. 

Somos dotados de neuroplasticidade, como nos informam os conceitos da Neurociência. E isso significa que temos a capacidade de mudar a estrutura física e função do nosso cérebro, dependendo das experiências, comportamentos, emoções e até mesmo dos nossos pensamentos, até o último dia da existência. Nosso cérebro não para de mudar e nós não paramos de ter a possibilidade de nos conhecer de outra forma.

Pode parecer ingenuidade mas acho interessante acreditar e arriscar, nessas incertezas da vida, confiando na flexibilidade e agilidade dos neurônios que vão se ajustando para criar novas conexões. 

Meu conto de fadas terminaria com a citação de uma amiga minha, professora de yoga: “Dá o passo que o Universo dará o chão.” 

Um ótimo Ano Novo para você também.

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.