O inverno no Rio de Janeiro durou um dia.
Em São Paulo, nem uma semana.
Nas regiões mais ao norte do Brasil, ele simplesmente não deu o ar da graça!
E no Sul, apesar das enchentes, tem sido ameno e suave.

Estamos em julho e raramente sentimos a necessidade de usar um blazer, mesmo fora dos ambientes com ar condicionado. Nossos looks de inverno, se é que podemos chamá-los assim, se resumem a mangas um pouco mais compridas, estampas e cores mais sóbrias, seguindo a “tendência” do que seria uma estação mais fria.

Para salvar a moda e agradar aos apaixonados por novidades, tivemos duas boas surpresas nesta temporada: os jeans e as peças com materiais esportivos, que conquistaram a preferência com novas interpretações, adequadas e perfeitas para este momento de moda “sem estação”.

Os icônicos jeans vieram com tudo, com lavagens que vão do mais escuro ao mais claro, modelagens amplas ou justas, cortes inovadores ou com alfaiataria refinada, vencendo a batalha no consumo graças à promessa de que, amanhã, quando o clima mudar, continuarão sendo úteis em qualquer guarda-roupa.

E os moletons esportivos?
Ah! Desde que saíram das quadras e dos momentos de lazer, ganhando versões sofisticadas e executivas, mostram-se extremamente adequados para este momento em que o clima pede conforto.

E que vivam eles!
Não tão quentes, recicláveis, democráticos e simpáticos às causas identitárias, consagraram-se como as melhores opções da temporada, salvando muitas vendas, esvaziando um pouco as prateleiras das lojas e facilitando os looks, inclusive para viagens. Afinal, para exibirmos looks atualizados, não precisamos de mais do que um par de conjuntos desses dois materiais, combinados com acessórios e complementos diversos, que nos levam do passeio ao ar livre até o coquetel descontraído.

Tão leve quanto o inverno, ficou a nossa bagagem!
Isso certamente nos fará questionar se queremos continuar carregando pesos físicos e mentais, pois o excesso de produção da indústria da moda é um dos responsáveis pelo aquecimento global.

Embora saibamos que esse espaço vazio deverá ser ocupado por outras questões, colocadas nesse caminho de reflexão sobre as mudanças climáticas. Se o aquecimento global, de fato, concretizar a profecia da necessidade de produção de coleções de moda sem estação, haverá redução expressiva do número de lançamentos anuais. Com essa diminuição na produção, como ficará a mão de obra utilizada? Serão criados espaços para sua recolocação?

Afinal, para nosso bem estar e equilíbrio ecológico, essa é uma questão tão importante quanto as outras e, com certeza, se não for resolvida, esquentará ainda mais o clima em todo o mundo.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.