Os ataques virtuais contra mulheres que atuam na defesa dos direitos humanos, no ativismo social e no jornalismo aumentaram exponencialmente. Segundo um relatório divulgado pela ONU Mulheres, sete em cada dez mulheres que atuam na esfera pública já sofreram algum tipo de violência online em razão de seu trabalho, um número que praticamente dobrou em relação a 2020.
O estudo, intitulado “Ponto de Inflexão: a escalada alarmante da violência contra mulheres na esfera pública”, ouviu mais de 600 mulheres de 119 países e mostra que a violência digital deixou de ser um fenômeno restrito às telas para se transformar em um risco concreto à integridade física dessas profissionais.
De acordo com o levantamento, mais de 40% das entrevistadas relataram ter sofrido danos offline relacionados diretamente a ataques virtuais, como perseguição, ameaças presenciais, agressões verbais, tentativas de intimidação policial e até violência física. Em 2020, esse percentual era menos da metade: 20% contra 42%.
IA amplia o alcance da violência
O relatório também aponta para uso de ferramentas de inteligência artificial como meio de ataque. Quase um quarto das mulheres ouvidas afirmou ter sido alvo de violência online facilitada por IA, incluindo a criação de imagens falsas, vídeos manipulados e conteúdos difamatórios. Entre escritoras, comunicadoras e criadoras de conteúdo que abordam direitos humanos, esse número sobe para 30%.
Além de mapear o problema, o relatório cobra medidas mais duras de empresas de tecnologia e de governos. Entre as recomendações estão a criação de mecanismos mais eficazes de denúncia, monitoramento e contenção de violência online, além de marcos legais que responsabilizem as plataformas pelo uso abusivo de suas tecnologias.
“O risco não é apenas individual. Quando mulheres são silenciadas, a democracia é enfraquecida”, alerta o documento.
A ONU Mulheres informou que novos relatórios serão publicados ao longo de 2026, aprofundando a análise sobre os impactos da violência digital em grupos específicos e avaliando caminhos legais e institucionais para proteção das vítimas.