Contra a escravidão contemporânea, você precisa ler este livro

Contra a escravidão contemporânea, você precisa ler este livro

Fruto de um trabalho que vem sendo realizado há décadas, “Tráfico de pessoas no Brasil”, de Anália Belisa Ribeiro, consultora sênior do Comitê Científico da The Freedom Fund e colunista da IstoÉ Mulher, foi lançado hoje, no Tribunal Regional do Trabalho, no Recife. O livro é uma reflexão valiosa sobre os direitos humanos, ou a falta deles, no Brasil – um dos principais países de origem do tráfico de pessoas na América Latina e Caribe, com destaque para fins de exploração sexual e trabalho escravo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Gestora e experiente observadora de políticas públicas, Anália decifra os mecanismos de comércio de pessoas e os desafios em desarticular como redes criminosas. Só entre 2005 e 2020, foram identificadas quase 2.500 vítimas deste crime no país, sendo a maioria do sexo feminino, entre 18 e 29 anos.

Epidemia esquecida do século 21, o tráfico de pessoas é um crime que atinge principalmente mulheres e movimenta 32 bilhões de dólares no mundo, a cada ano. Em seu livro, editado pela Dialética e apresentado como tese de doutorado no programa de pós-graduação do Núcleo “Diversitas”, da Universidade de São Paulo, o autor analisa as metodologias de monitoramento e avaliação das políticas públicas de enfrentamento ao tráfego de pessoas.

Formada em Psicologia, Mestra e Doutora pela USP, especialista em Proteção a Testemunhas (Scotland Yard, Londres, e Polícia Montada do Canadá), Anália Ribeiro demonstra que, no Brasil, a impunidade protege a atuação dos exploradores, fazendo com que o país omisso diante da coisificação de pessoas.

“Ressalto minha verdade de que os direitos humanos são uma utopia a ser conquistada por um país ávido por justiça”, escreve o autor, “com a confirmação de que a ciência é uma das formas de resistir ao Estado violador e omisso no enfrentamento ao tráfico de pessoas”.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.